Em uma consulta de emergência - que dura em média 10 min a forma com que o paciente entra no consultório é esclarecedora.
Dentre inúmeras, tem o paciente que "sem querer" se senta ou ensaia sentar na cadeira do médico e tem aquele que vai logo deitando na maca.
Com suas exceções o primeiro geralmente veio "pegar emprestado" seu carimbo para preencher uma receita, uma solicitação de exame ou um laudo. Já o segundo mal vai saber descrever seus sintomas, pois acredita que o perito é você.
Exemplifico, "Então Seu Fulano, o que está lhe acontecendo?" e a resposta quase que ensaiada, "pois é isto que eu vim descobrir". Tento simplificar "Muito bem, então o que o Sr. vem sentindo?" para obter "Eu uso remédio para ______ e não venho me sentindo bem, a Sra. sabe...". Não, não sei...
Explicações freudianas a parte, este é um reflexo de como é incomum a interação entre as pessoas no dia a dia. Como é difícil em geral se soltar de papéis e funções e se apresentar. Um desperdício de vida e de espaço...
2 comentários:
Nunca me senti tão seguro em matéria de "assistência na doença" como nos idos anteriores à independência de Angola.
Mas recordo, com enlevo, esta imagem verídica da relação médico/doente que atesta a confiança -e segurança- do doente em relação ao médico. O doente vai à consulta e o médico pergunta : . de que se queixa ?
Resposta do doente :
. estou "chateado" aqui (e aponta para uma zona do seu corpo) ;
. o médico executa uma prolongada apalpação do doente -coisa tão rara hoje em dia- e vai perguntando : aqui dói ?
Resposta do doente :
. não sei, o senhor é que é médico !
E assim sucessivamente durante quase uma hora ...
Que ternura !!!
Adorei o comentário José. É bom saber que acontece em vários lugares!
Postar um comentário