terça-feira, 12 de novembro de 2013

Todos os Ventos

"Depois que cansei de procurar aprendi a encontrar.
 Depois que um vento me opôs resistência, 
 Velejo com todos os ventos." 
Friedrich Nietzsche

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Why You Are Here

"You are here 
  So that God can experience the world 
  Through your eyes
  See what you see
  Feel what you feel
  Everyday he cant wait to see what you`ll do
  What makes you laugh
  What moves you
  Everyday through your eyes 
  He falls in love 
  With the world
  All over again"
The Answer Man

Kids

"I like kids.
 They are short highly emotional people who dont know anything.
 They have to rely on their imagination and creativity to get by in this world.
 A world, I might add, filled with giants."
The Answer Men

Angst

Angst - Medo:
Emoção desagradável, amiúde intensa, causada pelo pressentimento ou pelo reconhecimento do perigo. 
Vocábulos correlatos: terror, pavor, pânico, susto, sobressalto.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Teachers

No written word, no spoken plea can teach our youth what they should be. Nor all the books on all the shelves, it's what the teachers are themselves (anon.).

The Road Ahead or The Road Behind by George Joseph Moriarty

Sometimes I think the Fates must
Grin as we denounce and insist
The only reason we can’t win
Is the Fates themselves that miss

Yet there lives on an ancient claim
We win or lose within ourselves
The shining trophies on our shelves
Can never win tomorrow’s game
You and I know deeper down
There’s always a chance to win the crown

But when we fail to give our best
We simply haven’t met the test
Of giving all, and saving none
Until the game is really won

Of showing what is meant by grit
Of fighting on when others quit
Of playing through, not letting up
It’s bearing down that wins the cup
Of taking it and taking more
Until we gain the winning score

Of dreaming there’s a goal ahead
Of hoping when our dreams are dead
Of praying when our hopes have fled
Yet losing, not afraid to fall
If bravely, we have given all

For who can ask more of a man
Than giving all within his span
Giving all, it seems to me
Is not so far from victory

And so the Fates are seldom wrong
No matter how they twist and wind
It is you and I who make our fates
We open up or close the gates
On the road ahead or the road behind.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Professor Clóvis de Barros FIlho - Não sai daí!

É muito comum que tentem avaliar a nossa vida por salários, bonus, metas, resultados, fatias de mercado. São números que oferecemos para que possam avaliar se vivemos bem ou não.
Outro dia mesmo alguém me perguntou "quanto ganha um professor da USP?' Eu respondi com sinceridade e acanhamento e imediatamente a pessoa concluiu "com esse salário a vida não pode ser boa.".
Mas quando você chega em casa e se pergunta sobre como foi o dia, parece evidente que o dia terá valido a pena se você conseguiu rir; conseguiu ao menos sorrir. A vida valeu a pena pelos abraços, pelos apertos de mão, pelos gestos de carinho e por todas as boas sensações que você possa ter tido. Nada disso tem a ver com números; nada disso se presta a quantificação.
As boas sensações têm sido reúnidas ao longo da história do pensamento por detrás da palavra "amor". Assim, parece verdadeiro que quando a vida é vivida com amor ela tem muito mais graça e cor.
Acordar segunda-feira de manhã às oito é bem possível e até apetitoso se naquele dia formos encontrar algum amor. Sem amor, no entanto, a vida é arrastada, cinza, em preto-e-branco, e é preciso esperar a semana inteira para que um novo e entediante final de semana separe a desgraça da semana anterior da desgraça da próxima semana.
O amor parece mesmo a referência. E amor é sentimento; infelizmente escapa ao nosso controle. O amor nada tem a ver com vontade, decisão, escolha. O amor não é uma questão moral. Sim, porque moral é a inteligência a serviço da vida. Existe moral toda vez que escolhemos o caminho, toda vez que decidimos uma alternativa, toda vez que jogamos no lixo possibilidades de vida que decidimos não viver.
Moral é escolha; é decisão racional.
O amor não. O amor é sentimento - a gente assiste em nós - fenômeno do nosso corpo que se presta à nossa contemplação. Surge sem que tenhamos decido e vai embora, para nosso lamento, sem que nada possamos fazer para impedir.
Amor e moral não tem nada a ver.
No entanto, é fácil perceber que na hora de usarmos a inteligência para escolher a vida o amor é a grande referência. Já que não ama, faça como se amasse.
A moral é uma imitação do comportamento de quem ama. A moral é uma tentativa desesperada de agir como se amássemos - sem amor.
Exemplos, muitos. Eu tenho uma filha que semana passada completou 11 anos e é o meu maior amor. Toda vez que eu viajo eu levo para minha filha um presente. Como eu viajo quase todo dia, todo dia eu levo um presente. Isso desperta ciúme. "Poxa, como você é generoso com a Natália." E eu sou sempre obrigado a explicar - não há aqui generosidade nenhuma; o que há é amor.
Quem ama dá e dá por amor. E generosidade? Generosidade é a imitação do comportamento de quem ama. O generoso é aquele que dá sem amar. Somos todos generosos algum dia. Mas quem ama dá sem precisar pensar; sem precisar decidir, sem precisar escolher. Assim é o comportamento amoroso. Nem passa pela cabeça fazer diferente. A generosidade não. A generosidade é escolhida, decidida, pensada. Assim também é a fidelidade.
Você está apaixonado "nos 4 pneus"; quando acorda de manhã às 3 da manhã para fazer xixi enxerga a figura do ser amado no vaso sanitário - paixão arrebatadora. Nem passa pela sua cabeça intimidades físicas com outro senão aquele objeto da sua paixão. Aquela exclusividade é a consequência óbvia daquele sentimento arrebatador. Se você fosse tentar intimidades com outras pessoas passaria vergonha. Só pensaria nela; não daria certo. E você é exclusivo por amor.
Mas o amor acaba. E às vezes o amor acaba depois de muito tempo de convivência. E você por compaixão, para não produzir a tristeza de quem está a tanto tempo ao seu lado, você continua exclusivo. Às vezes é falta de opção. Você continua exclusivo sem amor. Exclusividade decidida, pensada, escolhida - a isso chamamos fidelidade; imitação do comportamento de quem é exclusivo porque ama e só pensa nele ou nela.
Você nesse momento deve pensar, "professor, poxa vida, se o amor é a grande referência para a moral; se o amor confere colorido à vida que sentimento é esse?  O que eu tenho que sentir para poder ter certeza de que estou amando?"
Essa resposta é oferecida de muita maneiras por pessoas muito importantes. Eu citarei aqui três concepções diferentes de amor que são oferecidas por três grandes mestres espirituais.
O primeiro amor, o mais antigo dos três, é proposto por platão - daí a expressão "amor platônico". Quatro séculos antes de cristo Platão define o amor. Platão é pai fundador da nossa maneira de pensar; é pai fundador da nossa filosofia. O segundo amor é de Aristóteles. Aluno de Platão, praticamente contemporâneo, também oferece a sua definição de amor Aristóteles - pai fundador da ciência, pai fundador da nossa maneira de investigar. O terceiro amor é um pouco mais tardio; é o de Cristo. Cristo, pai fundador da nossa civilização e deus para muitos de nós.
Três amores: três sentimentos diferentes para a mesma palavra. Três sentimentos que fazem parte da nossa vida. E que eu apresento sem mais delongas.
Comecemos pelo amor de Platão, o mais antigo. Platão nunca usou a palavra amor. Normal, não falava português. Platão falavra grego. E, em grego, o seu amor ele chamou de Eros. Eros, palavra que te é familiar. Eros de erotismo, erotização, "Eros Motel" - faz parte da tua trajetória. E quem vai definir este amor para Platão é Sócrates, personagem principal do platonismo. Platão apresenta diálogos e é sempre Sócrates a versão que Platão considera correta. E Sócrates vai definir o amor em um diálogo, o mais conhecido dos diálogos - o banquete. Você pode comprar até em banca de jornal. E qual é a definição? Acompanhe comigo a genialidade irritantemente simples de Platão: Amar é desejar. Eros é desejo. Você ama aquilo que deseja. Você ama aquele que deseja. Você ama enquanto e na intensidade em que deseja. E a má notícia é que se o desejo acabou é porque o amor acabou também. Amor e desejo são a mesma coisa.
Nesse momento você agradece Platão pela definição, eros é desejo. Mas, se eros é desejo, desejo é o que? E Platão já sabendo dessa tua dúvida, definirá desejo na linha seguinte. Desejo é a falta. Desejo é abusca do que faz falta. Desejo é a energia para buscar o que não temos; energia para buscar o que não somos; energia para ir atrás do que não conseguimos fazer ainda. E agora você tem a definição completa. Você ama aquilo que deseja; e deseja aquilo que não tem.
E quando tem? Aí não deseja mais. E como amor é desejo, também não ama mais. Mas essa definição é um horror; é filosofia: amor é desejo e desejo é falta. Então, de duas uma, ou você deseja e ama o que não tem ou tem, mas aí o amor é pela cunhada; é pelo o que faz falta. O amor é pelo que ainda não é seu.
Exemplos muitos. Esta minha filha quando completou sete anos amava e desejava um brinquedinho eletrônico chamado DS. E amava e desejava por que? Porque não tinha. De tanto merecer, Natália no natal ganhou o DS. Neste momento a falta se faz presença. E, como o desejo é pelo o que falta, o desejo pelo DS desaparece. E como o amor é desejo, o amor pelo DS também desaparece - no natal. Hoje o DS jaz num baú. Em um baú de desejos assassinados pela presença. Em um baú de desejos mortos pelo consumo. Hoje Natália ama o DSi. E, o "i", ela não tem. E a julgar pelos meus salários de professor da USP, o amor de Natália pelo DSi continuará vivo, altivo, desejante, na vitrine, na falta. Objeto do nosso amor: um amor de vitrine, um desejo, uma fantasia. Aquilo que nunca é nosso.
"Professor, é possível eros pelo trabalho?" Claro. Eros pelo trabalho é no desemprego. No desemprego você quer trabalhar. No desemprego você ama trabalhar. "Ahh, como eu gostaria de trabalhar." E você tudo faz em nome desse amor. Você faz fila, preenche fichas, faz curso para enganar psicólogos de RH (leva três minutos este tipo de curso). E você logo aprende a dizer "Eu gosto de trabalhar em equipe. Sou resiliente, uma espécie de meia laranja que quando esbagaçada recupera o suco durante a noite. Você poderá me usar dia após dia." E depois de tantas garantia de subserviência, você finalmente é contratado. O trabalho se torna presença e o desejo por ele, claro, desaparece.
Ninguém pode desejar o que tem "até as tampas". Hoje o que você ama são as férias, a folga, o feriado. Platão parece ter razão. Quem pode desejar enxergar? É quem não enxerga. Porque quem enxerga, enxerga; não deseja enxergar. Quem caminha, caminha; não deseja caminhar. Quem fala, fala; não deseja falar.
Se o amor é desejo, o amor é sempre por aquilo que não temos. E, se por ventura um dia tivermos, deixaremos imediatamente de amar.
Nesse momento você deve estar pensando "Esse professor entrou na porta errada." " Professor, esse é um espaço corporativo de gente que trabalha em empresa. Eu não consigo entender muito bem o que tem a ver o que o senhor diz com a nossa vida."
Ah, meu amigo, vou explicar já.
Eu diria que o espaço corporativo é um espaço completamente controlado pelo eros de Platão.
"Por que professor? Está todo mundo querendo comer todo mundo?"
- Antes fosse.
Não é este o eros que caracteriza o mundo das empresas.
Até porque qualquer veleidade costuma ser severamente punida.
Mas o ano começa; o chefe marca uma reunião e liga o power point.
O chefe é quem liga o power point.
E eu pergunto a você: o que é que ele vai projetar na tela?
Estamos em janeiro. O que é que um chefe projeta na tela?
E a resposta que todos devem estar imaginando é "metas".
E aí eu pergunto a vocês, por acaso metas é o que a empresa já conquistou?
Por acaso meta já faz parte do patrimônio da empresa?
Por acaso meta já é o lucro a comemorar?
Não. Meta é o que falta.
E o que é que se espera de um colaborador? Amor pela meta! Eros - tesão pelo lucro do patrão; loucura pelo dinheiro que ainda está na mão do concorrente. É isso que se espera.
O mundo é erotizado desde que você era criança.
Eu me lembro da 'tia Guelmar'. E a tia Guelmar era aquela professora que dava aula de tudo. E eu estudava em uma parte velha da escola. E a tia Guelmar dizia quase todos os dias "Quando vocês passarem pro ginásio vocês vão para o prédio novo."
E tudo o que nós fazíamos era para ir para o prédio novo.
Cada vitória era um passo que nos aproximava do prédio novo.
No prédio novo cada ano do ginásio era em um andar. E o colegial era no topo do prédio. A cada ano subíamos um andar. E quando chegávamos finalmente no colegial, hoje ensino médio, imediatamente o coordenador nos dizia "Agora acabou a frescura. Tudo agora é para o vestibular."
E assim, desde a escola, a gente se acostuma a perseguir cenouras. A cenoura do prédio novo, a cenoura do último andar, a cenoura do vestibular.
Você finalmente entra na faculdade. E na faculdade logo alguém diz "Estamos nos preparando para formar o futiro profissional." A cenoura agora é o estágio, treinee, o diploma e o emprego. Você finalmente se forma; é efetivado, daí finalmente carteira assinada! Você finalmente poderia levantar os braços e dizer "Eu não tenho que perseguir mais nada. Agora eu cheguei aonde esperava-se que eu chegasse. Eu tenho um emprego, eu estou no mundo economicamente ativo."
Não.
A empresa tem quinze níveis e você está no G15. Não tem nem lugar para sua bicicleta no estacionamento. E logo alguém diz "Amigo, enquanto você não passa para o G14, você não é ninguém." E lá vai você: G14, G13, G12. Depois de um certo momento isso começa a ter siglas WFO, WXO, CEO, VP.
VP - agora a vida chegou.
Imagina... VP!? Por que VP? Enquanto eu não for P... e assim para subir você teve que perseguir cenouras. As metas, você foi atrás logo no começo da sua vida na empresa agarrou a cenoura, entregou pro chefe e imaginou, nossa agora nós vamos comemorar! E para sua decepção o chefe liga o power point com novas cenouras e lá vai você atrás; agarra a cenoura, entrega para o chefe. Novas cenouras; você já se acostuma com isso. E depois de 15 anos, você encontra o chefe na cafeteria e diz "Só uma perguntinha, faz um tempinho que eu etou perseguindo as suas cenouras. Só por curiosidade, onde é que você enfia tanta cenoura?"
Meus amigos, definitivamente a vida erótica. Essa mesma em que você passa o tempo inteiro perseguindo coisas que você não tem não é vida que vale a pena.
Pelo menos, não é vida que valha a pena sozinha. Afinal de contas, essa vida parece um grande saco sem fundos. No mundo do consumo é a mesma coisa. O vizinho compra um veículo, você compra também. Aí o vizinho compra um com teto solar, você compra também. O vizinho compra um helicóptero, você compra também. O vizinho compra um aviãozinho, você compra também. Mas agora o dele é a jato. E aí você percebe que sempre haverá o que você não tem. E a sua vida será uma busca indefinida e eterna na frustração.
É exatamente por isso que Aristóteles levantou a mão e disse "Eu não sei se eu concordo com eros. O amor não pode ser só isso. O amor não pode ser só desejo. A vida desejante é infeliz."
Aristóteles proporá o seu amor. E o amor de Aristóteles não chama eros porque eros é desejo pelo o que falta. E o amor de Aristóteles não é amor pelo o que falta.
Pelo contrário, o amor de Aristóteles é pelo o que você já tem. O amor de Aristóteles é pelo o que você já conseguiu; pela vida que você já tem; pela performance que você já consegue ter; é pela esposa que já é a sua, pelo carro que você já comprou, pela vida que você já consegue ter. O amor de Aristóteles é pelo mundo que está exatamente diante de você, quando o mundo alegra.
Enquanto eros é desejo; amor pelo o que você não tem, filia é amor-alegria; amor pelo o que você já tem e te faz bem.
"Professor, se desejo é a busca pelo o que não temos e nos faz falta, o que é alegria?"
Acompanhem-me neste momento. A definição de alegria é linda. Alegria é a passagem para um estado mais potente do próprio ser. Eu vou repetir para você degustar. Alegria é a passagem para um estado mais potente do próprio ser.
"Professor, eu não sei se eu entendi."
Eu acho que você já percebeu na sua vida que tem horas que você está voando baixo, está bem, está ligado. Em compensação, tem horas que você está bem borococho. Que você está deprimido, indisposto.
Então eu espero que você tenha percebido que existe uma energia que te anima. E esta energia oscila. Tem horas que você está com a energia em alta e horas em baixa.
A esta energia cada pensador chama de um jeito. Hobbes chamava de conatus, Spinoza de potência de agir, Nietzche de vontade de potência, Bergson de elan vital, Clóvis (o palestrante) de tesão pela vida.
Tesão pela vida é isso - potência de agir. Tem horas que sobe e horas que desce.
Quando eu acordo de manhã, costumo acordar às 5 horas, a minha potência de agir é muito baixa. Mas isso é a "minha". Tem gente que já acorda cantando - detestáveis pessoas. Gente que acorda cantando, comenta dos passarinhos, divórcio iminente. Pessoas insuportáveis. Eu sento na cama e eu demoro muito tempo para conseguir levantar. Vou até o banheiro, me sirvo da ducha e aí eu já estou um pouquinho melhor. Aí eu me visto, tomo um café, saio de casa às 6:30 para evitar o trânsito. E eu adoro o lugar aonde eu moro e portanto passar pelas ruas do meu bairro me faz bem. Aí eu vou até a cidade universitária; adoro a cidade universitária, grandes espaços, grandes áreas verdes, começo a dar aula, os alunos chegam. E o que que acontece quando eu começo a dar aula?
O que acontece é que eu adoro o que eu digo. É impressionante como eu me encanto com o que eu falo. É impressionante como eu entendo quando eu explico. E você dirá "Professor arrogante." e eu direi "Alto lá, amigo. Para que a vida tenha alguma chance de valer a pena é importante que você consiga se encantar com o que você mesmo faz. Afinal de contas, o que você mesmo faz é a atividade com a qual você mais convive. Se você detesta o que você faz é normal que a sua vida seja a maior parte do tempo triste. Mas se você se encanta com você mesmo, é meio caminho andado. Afinal você será sempre a sua maior e mais fiel companhia."
Você perguntará o que aconteceu entre 5 e 10 da manhã, quando você me flagrou encima da mesa gritando e eu responderei: alegria - passagem para um estado mais potente do próprio ser.
E por que que toda vez que eu falo do próprio ser eu aponto para mim? É para você entender que eu estou falando de mim. E o que vale para mim não vale para qualquer um. Não vale para você. Eu não sou guru. O que é um guru? Guru é alguém que vem de longe. É fundamental que o guru venha de longe porque quando você convive de perto com alguém você sabe que não é um guru porra nenhuma; é mais um bosta que nem você. Depois, guru fala línguas que você acha estranho. Guru usa "microfone-madonna" e guru é cheio de empáfia e põe no power point 10 lições para se dar bem; 7 caminhos para arrebentar; 51 fórmulas de ser feliz; 380 artifícios para destruir o asversário. O guru tem sempre a verdade sobre a vida. O guru tem a chave que funciona para qualquer um seja você quem for. "Aplicou, deu certo." (risos). O grande segredo do guru é dar a palestra e cair fora rápido. Na década de 80 eles vieram e venderam a reengenharia. Quem aplicou, faliu. Depois voltaram, 7 hábitos para o homem eficaz. Não satisfeitos voltaram, 7 hábitos para o homem altamente eficaz - para executivos com mais de 1.80m. No ano seguinte, o oitávo hábito. E você não levantou a mão para dizer "Oh, se os 7 hábitos do ano passado funcionassem não precisaria do oitavo." Mas não. Sempre haverá um guru para empurra a você goela à baixo um artifício que funciona para qualquer um.
Mas a definição que eu te dei não serve para qualquer um. Não adianta você se mudar para São Paulo, ir morar em Higienópolis, estudar filosofia e virar professor da USP para se alegrar. Só funciona comigo.
"Professor, e eu?"
Sei lá, nem te conheço. Não consigo nem te enxergar.
"Sim, mas o que eu faço para me alegrar?"
Sei lá, vá viver, observe.
Conhece-te a ti mesmo.
Observe a sua vida. O maior especialista na sua vida é você.
"E o Sr. não tem nenhuma dica para ser feliz?"
Nenhuma! Por isso eu cobro pouco.
Meus amigos, vamos usar dois dos nossos neurônios. Se alguma fórmula de algum picareta qualquer vindo sabe-se lá de onde garantisse felicidade para qualquer um, nós já teríamos erradicado a tristeza do mundo. Como você já deve ter percebido, o buraco é mais embaixo. Não erradicamos tristeza nenhuma em lugar nenhum do mundo.
É sinal que viver é um pouco mais complicado do que 7 piruetas, artifícios, fórmulas, fórmula de qualidade de vida, comer linhaça, correr na praia ou seguir as dicas do Dr Dráuzio, do Zeca Camargo, da Ceribelle, de algum profeta ou qualquer outra pessoa que queira zombar da sua inteligência.
Diminuir a tua liberdade e a tua soberania para encontrar você mesmo com a tua inteligência o melhor caminho.
O amor de Aristóteles é alegria - passagem para um estado mais potente do próprio ser.
Nesse momento você me ouve e pergunta "Professor, se Platão foi um grande mestre e disse que amor é desejo pelo o que falta; se Aristóteles foi um grande mestre e disse que amor é alegria pelo o que não falta, com qual dos dois eu fico?"
E nesse momento quem fala sou eu; fique com os dois. Nada te impede de amar o que você não tem e, quando você ama o que não tem você chama de eros ou desejo. Mas nada te impede de amar também o que você já tem. E quando você ama o que você já tem, chame isso de filia ou alegria.
E, para você perceber como são os dois complementares, eu me lembro que ano passado em outubro eu dei muitas palestras. A categoria que mais gosta de me ouvir são médicos e outubro tem o dia do médico - é mês de capitalizar. Eu fiquei tanto tempo fora de casa que eu não tinha nem chave para entrar. Toquei a campainha; minha esposa abriu a porta com um sorriso e eu decidi compensá-la com um galanteio. Eu disse à ela "esse tempo que eu fiquei fora me permitiu perceber que amo você muito à moda de Platão, eroticamente. Te desejo demais quando você não está. Mas agora que você abriu a porta. Agora que a falta se fez presença, eu me dou conta de que amo muito você também à moda de Aristóteles - na presença. Teu sorriso me encanta, tua presença me enternece, teu abraço me contagia. Tudo em você é alegria no encontro.
E aí fica evidente que quando você ama alguém quando este alguém não está; desejando que estivesse. Quando você ama este alguém quando este alguém está, alegrando-se com o encontro. Não sobram outras possibilidades. Se você ama na falta e na presença é porque você ama e ponto final. Na falta desejando. Na presença, se alegrando.
Infelizmente, a alegria é muito mais rara do que o desejo. Fomos adestrado desde a escola a desejar, mas não fomos preparados para a alegria. Pelo contrário, em muitas situações de educação, toda e qualquer manifestação de alegria era punida "Isso aqui é lugar de gente séria." "O seu filho ainda não tem maturidade para estar na sétima série. É alegre demais."
Fomos adestrados a desejar e fomos o tempo inteiro desincentivados à alegria. No mundo das empresas não é diferente. E o jargão dos RHs é indiscutível "É preciso sair da zona de conforto." Sair da zona de conforto deixa claro o que é que esperamos de você - esperamos de você o desconforto desejante de quem vai atrás do que falta. Jamais a alegria confortável de quem está de boa com o que já tem. Diga na sua empresa "Estou de boa." para você ver o fim.
A punição pela a alegria justifica a expressão consagrada no mundo inteiro - happy hour. Em qualquer lugar do mundo que você for, happy hour é fora 'dali', é depois - sexta-feira às 18 horas lá no boteco. Happy hour, por incrível que pareça, quer dizer momento fora do trabalho. Como se houvesse uma impossibilidade fundamental de alegria no trabalho. Como se houvesse uma impossibilidade lógica de felicidade segunda às 8 da manhã - no reencontro, na recuperação das atividades. Depois de um fim de semana entediante, happy hour - segunda de manhã. Em lugar nenhum do mundo é assim. E o grande desafio coorporativo contemporâneo é permitir a todos que convertam desejo em alegria. Porque só a alegria dará sentido aos zeros das metas tão arduamente perseguidas.
Buscar números por buscar números é tirar do trabalho todo o seu sentido ou significado. Você vira um acumulador de zeros que não entende nada a não ser a necessidade de se esforçar para aumentar cifras. Mas na hora em que você entende que as cifras têm sentido e que o sentido das cifras está na sua alegria e na alegria de todos com quem você se relaciona dentro e fora da empresa aí sim cada zero terá o seu significado. E é muito mais fácil ter tesão para buscar zeros que querem dizer alguma coisa do que simplesmente buscar o enriquecimento impessoal, frio e até injusto de quem explora o seu trabalho.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Point B - Sarah Kay

“If I should have a daughter…“Instead of “Mom”, she’s gonna call me “Point B.” Because that way, she knows that no matter what happens, at least she can always find her way to me. And I’m going to paint the solar system on the back of her hands so that she has to learn the entire universe before she can say “Oh, I know that like the back of my hand.”

She’s gonna learn that this life will hit you, hard, in the face, wait for you to get back up so it can kick you in the stomach. But getting the wind knocked out of you is the only way to remind your lungs how much they like the taste of air. There is hurt, here, that cannot be fixed by band-aids or poetry, so the first time she realizes that Wonder-woman isn’t coming, I’ll make sure she knows she doesn’t have to wear the cape all by herself. Because no matter how wide you stretch your fingers, your hands will always be too small to catch all the pain you want to heal. Believe me, I’ve tried.

And “Baby,” I’ll tell her “don’t keep your nose up in the air like that, I know that trick, you’re just smelling for smoke so you can follow the trail back to a burning house so you can find the boy who lost everything in the fire to see if you can save him. Or else, find the boy who lit the fire in the first place to see if you can change him.”

But I know that she will anyway, so instead I’ll always keep an extra supply of chocolate and rain boats nearby, ‘cause there is no heartbreak that chocolate can’t fix. Okay, there’s a few heartbreaks chocolate can’t fix. But that’s what the rain boots are for, because rain will wash away everything if you let it.

I want her to see the world through the underside of a glass bottom boat, to look through a magnifying glass at the galaxies that exist on the pin point of a human mind. Because that’s how my mom taught me. That there’ll be days like this, “There’ll be days like this my momma said” when you open your hands to catch and wind up with only blisters and bruises. When you step out of the phone booth and try to fly and the very people you wanna save are the ones standing on your cape. When your boots will fill with rain and you’ll be up to your knees in disappointment and those are the very days you have all the more reason to say “thank you,” ‘cause there is nothing more beautiful than the way the ocean refuses to stop kissing the shoreline no matter how many times it’s sent away.

You will put the “wind” in win some lose some, you will put the “star” in starting over and over, and no matter how many land mines erupt in a minute be sure your mind lands on the beauty of this funny place called life.

And yes, on a scale from one to over-trusting I am pretty damn naive but I want her to know that this world is made out of sugar. It can crumble so easily but don’t be afraid to stick your tongue out and taste it.

“Baby,” I’ll tell her “remember your mama is a worrier but your papa is a warrior and you are the girl with small hands and big eyes who never stops asking for more.”

Remember that good things come in threes and so do bad things and always apologize when you’ve done something wrong but don’t you ever apologize for the way your eyes refuse to stop shining.

Your voice is small but don’t ever stop singing and when they finally hand you heartbreak, slip hatred and war under your doorstep and hand you hand-outs on street corners of cynicism and defeat, you tell them that they really ought to meet your mother.” 
― Sarah Kay

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

If You Can

"If you can: 

- start your day without coffee,
- be chearfull even while felling sleepy or pain,
- resist bothering people with your problems,
- understand that your loved one is too busy to give attention,
- take critisism and blame without resentment,
- maintain attention without drugs,
- relax without alchool,
- sleep without sleeping pills

Then you must be the family dog!"

Matthew Johnstone - sobre a sociedade moderna... lol

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


Não adianta nem tentar
Me esquecer
Durante muito tempo
Em sua vida
Eu vou viver
Detalhes tão pequenos
De nós dois
São coisas muito grandes
Prá esquecer
E a toda hora vão
Estar presentes
Você vai ver
Se um outro cabeludo
Aparecer na sua rua
E isto lhe trouxer
Saudades minhas
A culpa é sua
O ronco barulhento
Do seu carro
A velha calça desbotada
Ou coisa assim
Imediatamente você vai
Lembrar de mim
Eu sei que um outro
Deve estar falando
Ao seu ouvido
Palavras de amor
Como eu falei
Mas eu duvido!
Duvido que ele tenha
Tanto amor
E até os erros
Do meu português ruim
E nessa hora você vai
Lembrar de mim
A noite envolvida
No silêncio do seu quarto
Antes de dormir você procura
O meu retrato
Mas da moldura não sou eu
Quem lhe sorri
Mas você vê o meu sorriso
Mesmo assim
E tudo isso vai fazer você
Lembrar de mim
Se alguém tocar
Seu corpo como eu
Não diga nada
Não vá dizer
Meu nome sem querer
À pessoa errada
Pensando ter amor
Nesse momento
Desesperada você
Tenta até o fim
E até nesse momento você vai
Lembrar de mim
Eu sei que esses detalhes
Vão sumir na longa estrada
Do tempo que transforma
Todo amor em quase nada
Mas "quase"
Também é mais um detalhe
Um grande amor
Não vai morrer assim
Por isso
De vez em quando você vai
Vai lembrar de mim
Não adianta nem tentar
Me esquecer
Durante muito
Muito tempo em sua vida
Eu vou viver
Não, não adianta nem tentar
Me esquecer

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

"Antes de Casar Sara"


Uma médica brasileira que trabalha nos states me perguntando sobre minha visão do DSM (Código que define critérios diagnósticos para doenças psiquiátricas e neurológicas)

O que ela diz:

O DSM-5 esta saindo e esperasse que esteja melhor que a versao anterior. O que os Brasileiros precisam entender eh que os estudos usados para informar as decisioes feitas por este seleto grupo de psiquiatras e psicologos nos EUA nao considera estudos que sejam culturalmente relevantes a outras populacoes do mundo. A maior parte dos instrumentos de diagnostico de doencas mentais na infancia ainda nao foram validados no Brasil (apesar de versoes traduzidas serem usadas diariamente por profissionais brasileiros). Infelizmente, a psicologia e psiquiatria infantis brasileiras ainda estao muito defasadas comparado com o resto do mundo. Eh antietico usar instrumentos de diagnostico americanos para diagnosticar criancas brasileiras sem ter uma validacao apropriada. Quem acaba pagando sao as criancas brasileiras que estao sendo medicadas desnecessariamente cada vez mais cedo.

Meu desabafo:

Nossa amiga, acho tantas coisas sobre isso! Haha. Concordo muito contigo que faz não nenhum sentido dissociar a cultura local da abordagem utilizada. Mas tb faz parte da nossa cultura nos sentirmos seguros com o que é importado e menosprezamos o nacional, além do aspecto mais global de que todo mudança angustia. E tem muita gente com boas visões e propostas que vejo passar por preconceitos por serem inovadores. As publicações mais freqüentes geralmente são meros levantamento de dados.

Por outro lado, tenho cada vez menos me apegado a CIDs psiquiátricos porque achar que não são uma ferramenta de grande utilidade em geral, com exceção de casos realmente psicóticos ou neurológico. Pro dia a dia me lembra muito o deboche sobre o médico dizendo ao seu paciente "ah, não, para de falar que já te diagnostiquei! Não atrapalha."(risos). Não acho que a medicina tenha ainda tanto conhecimento da neuroquímica e/ou fisiologia para determinar diretrizes ou protocolos para escolha do tratamento de forma rigorosa - o exemplo que ele cita do metilfenidato é ótimo. Acho que serve muito também para estabilizadores do humor.

Acho extraordinário que enfim se tenha encontrado, depois de tanto tempo, uma maneira de compreender melhor essa área tão pouco compreendida e ao mesmo tempo tão significativamente prevalente. Mas não consigo imaginar que a nossa ou mesmo a próxima geração vá conseguir usufruir disso. Especialmente no Brasil. A falta de conhecimento da população sobre saúde é desconcertante. E o preconceito com sintomas psicológico (e mesmo neurológicos) esmagador. Mesmo na população instruída. O livre acesso da indústria farmacêutica definindo "medicações da moda" chega a ser tragicômico. Exemplos simples, brasileiro não usa aspirina para dor; desdenha do Tylenol e é aficcionada por antiinflamatórios - desconhecendo os riscos e mesmo o motivo deste comportamento. Omeprazol e similares passaram a fazer parte inclusive da prescrição MÉDICA como "tratamento" de gastroenterites e mesmo como uso contínuo em pacientes acima de 50 anos (como se fosse Epocler (:p - lembra desse?!?).

A grande maioria da população não tem acesso ao médico - passa uma vez por mês no posto de saúde "para pegar a receita" e adora que funcione assim - dizem veementemente que estão em tratamento - sendo que conversam por 30min a cada 3 meses com seu médico. Dos que podem pagar, muitos se ofendem com o assunto - é preciso de tato em geral para pode se falar sobre ansiedade, talvez tanto quanto sobre drogas ou DSTs.

Bom, depois desse bláblablá todo, agora respondo a tua pergunta!! Sim acho perfeita a tua visão sobre o assunto; mas por outro lado penso que gastar verba para produzir ferramentas nacionais neste momento possa ser desperdício. Concordo que dói ler isto, mas enquanto a população permanecer alienada, desinteressada e mal informada, não vai ser capaz de aproveitar nenhum recurso criado...